Série Romaria da Medianeira 

Padre do Santuário da Basílica fala sobre a fé em Medianeira

Renata Teixeira

A crença e a vivência da fé fizeram com que o padre Lucas Carvalho, 33 anos, entrasse em um processo de autoconhecimento e de busca. Nascido em Encruzilhada do Sul, ele se encantou pela Igreja Católica ao atuar como coroinha, logo na infância. Para se tornar padre, estudou em Santa Cruz do Sul e em Brasília. Desde 2015 é um dos padres do Santuário da Basílica Medianeira, e também um dos envolvidos na coordenação da 74ª Romaria Estadual da Medianeira, que será realizada no dia 12 de novembro.

Quem é a responsável pelos tradicionais doces vendidos na romaria

Diário de Santa Maria – Quais as lembranças de criança que você tem da Romaria?
Padre Lucas Carvalho – Eu nasci em Encruzilhada do Sul, como é um pouco longe de Santa Maria, nunca frequentei quando criança. Mas sempre ouvi falar da Romaria e também via as fotos da multidão. Eu não imaginava que um dia eu estaria na coordenação, ajudando a preparar tudo. Foi realmente algo que Deus fez na minha vida, que me surpreendeu.

Dom Hélio e Padre Lucas durante celebração realizada em outubro de 2015
Padre Lucas (direita) com Dom Hélio, em 2015Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Diário – Como funciona a organização da Romaria?
Padre Lucas – Nós temos duas linhas de preparativos, uma religiosa e outra da festa em si, que envolve todo uma estrutura. Começamos a pensar em tudo em abril, onde escolhemos o tema e o lema que vamos focar no ano. Depois direcionamos os trabalhos para pensar na infraestrutura, divulgação, alimentação, limpeza e nas parcerias. Tudo isso é montado, para que chegue no dia e tudo esteja certo. Sabemos que enquanto nós estamos aqui pensando em como fazer a Romaria, em algum lugar do país tem alguém se organizando para vir a Santa Maria prestigiar o evento, então temos que estar prontos para acolher e receber bem essas pessoas.

Diário – Como é a sensação de poder participar disso?
Padre Lucas – É muito gratificante, mas também uma responsabilidade muito grande. Os padres do Santuário são os responsáveis por puxar a frente da Romaria, e se por acaso algo não funciona, a responsabilidade é nossa. Porém, ao mesmo tempo nós contamos com a graça de Deus e da Medianeira. Lidamos com isso, o olhar da fé.

Advogado ajuda no café da manhã dos romeiros

Diário – Quantas pessoas estão envolvidas?
Padre Lucas – O processo todo envolve 500 pessoas divididas em 38 setores, desde a parte religiosa até a limpeza e manutenção. As equipes normalmente são fixas e cada uma tem o seu coordenador. ,A cada ano vamos sempre tentando aperfeiçoar e ver em que podemos melhorar.

com a palavra, padre lucas carvalho, basilica da medianeira
Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

Diário – Como foi sua experiência na primeira Romaria que participou?
Padre Lucas – Cheguei em Santa Maria em janeiro de 2015. E a primeira Romaria foi surpreendente, porque eu não entendia a proporção e nem como funcionava. Mas quando você se empenha e aprende a compreender algo, tudo dá certo. A Romaria não é feita por um grupo sozinho, é feita por parcerias e muitas pessoas envolvidas.

A fé em Medianeira passou da avó para a neta 

Diário – Quais suas influências religiosas?
Padre Lucas – Na verdade, eu não sou de uma família com uma experiência religiosa muito forte, mas a minha avó era uma mulher que rezava muito em casa. Foi ela que me ensinou a rezar. Depois eu comecei a frequentar a catequese e ajudar na missa como coroinha. Foi então que comecei a compreender o mundo religioso e aquilo me fascinou. Além disso, tomei como referência um dos padres de Encruzilhada do Sul, o qual o estilo de vida me encantou.

 SANTA MARIA, RS, BRASIL, 24-07-2015.Irmã Senira Biscaro, artista sagrada responsável pela construção da escultura de Jesus que será colocada na Basílica da Medianeira, em agosto.Fotos na oficina dela. Na foto Padre Lucas Carvalho, vigário do santuário.FOTO: GERMANO RORATO/AGÊNCIA RBS, GERAL
Foto: Germano Rorato / Agencia RBS

Diário – Quais as dificuldades da formação religiosa?
Padre Lucas – O mundo é egoísta e o individualismo predomina. Corremos os riscos de cair nele. Porém, isso é um pecado que destrói as vidas de muitas famílias. Depois, um grande risco de ser padre é se tornar uma pessoa fechada, que não se abre à humanidade e ao pensamento do mundo. Mas a Igreja não é uma força paralela ao mundo. A Igreja está presente no mundo, dialogando e vivendo nele. Temos que entender que um padre é um ser humano como qualquer outra pessoa. Porém, isso não significa que a minha função religiosa seja qualquer coisa. Eu tenho uma função e preciso zelar por ela. Mas sou um ser humano normal. Descobri que só quando me assumi como um ser humano normal, consegui ser um padre feliz, pois nós não somos diferentes um do outro.

Em uma das missas no Santuário com padre Ricardo Ramos e Padre Lucas
Foto: arquivo pessoal / arquivo pessoal

Diário – Qual o conselho para os jovens que desejam seguir essa vocação?
Padre Lucas – Que se arrisque. Toda a opção de vida é sempre um risco. Então, siga firme nessa posição de vida. Jesus Cristo encanta e vale a pena. Nós padres, não somos pessoas frustradas ou pessoas que não deram certo na vida. Somos pessoas que fizeram uma escolha, com clareza. Mas para você saber se vale a pena tem que arriscar.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

OPINIÃO: Reconstruindo fragmentos

Próximo

Polícia Civil vai investigar denúncia de estupro em São Francisco de Assis

Geral